domingo, 17 de janeiro de 2016

Parte 3: Universidade + um dos dias mais incríveis

A moleza acabou e minhas aulas começaram! Escolhi cadeiras bem interessantes, no meu ponto de vista, obviamente: direito econômico internacional, teoria das relações internacionais, organizações internacionais: ONU e direito das mulheres (muito amor por esta última). Eu pensei em pagar uma cadeira de inglês (gramática avançada), mas sem condições e de todo jeito eu pratico também o inglês aqui diariamente. 

Sem condições de por mais uma cadeira porque quatro já é uma quantidade e tanto! Todas as matérias tem leituras obrigatórias toda semana e não são poucas, são páginas e páginas para cada matéria. É trabalhoso, mas estimula o estudo contínuo e tudo é muito organizado, os professores no primeiro dia de aula já deram cada coisinha que temos que ler, onde encontrar e alguns passaram os respectivos links dos textos, outros exigiram a compra de livros e afins. 

A minha primeira aula aqui foi a direito econômico internacional e confesso que foi a matéria que pensei mil vezes antes de colocar porque não é bem minha praia e a primeira impressão foi assustadora: uma prova + um "pré-projeto" + um projeto + simulação oral de uma corte (sobre o assunto do projeto). Só que, essas três últimas atividades são em grupo e eu não conheço ninguém, cada um na sala já tem seu grupinho e uma atividade oral já é suficientemente aterrorizante, em outro idioma então... Não sou a única estudante estrangeira, mas devo ser a única que não tenho o francês como primeira língua. Bem, essa é minha angústia nessa cadeira. Se fosse tudo individual acho que eu estaria mais tranquila. 

Apesar desse susto inicial, fiquei feliz porque estou conseguindo acompanhar as aulas, estava com muito medo do sotaque daqui e de ficar completamente perdida... as outras aulas seguiram mais tranquilas, elas também terão atividades em grupo (não sou uma grande fã hehe), mas consegui socializar mais hahahaha.

O início das aulas também significou usufruir do mundo subterrâneo de Montreal, muitas das minhas aulas são no nível "metrô" e a universidade é enorme, mas posso entrar nela pelo prédio mais próximo daqui do flat e sair caminhando pelo subterrâneo para o prédio que quero ir, para a biblioteca e para o metrô também. É prático, mas não é TUDO subterrâneo como eu achei que seria antes de chegar aqui, tenho que encarar o friozinho na cara na maior parte do tempo hahaha.

Por sinal, meu flat agora está completo. Minha querida italiana, Silvana, voltou para a Itália, infelizmente e Kelsie, norte-irlandesa, Zoé, francesa, Enzo e Benjamin, franceses, voltaram das férias de Natal. Sim, tem MUITOS estudantes franceses aqui em Montreal.

Passeio pelo Vieux Port (Porto Antigo) em um dos dias mais frios de todos os tempos.

Não sei o que é isso, mas os dias ensolarados aqui são os piores. Quando o dia tá lindo, se prepare que tá pelo menos -15°C e com sensação de -20! Fizemos um passeio pelo Porto nessa semana e o vento estava uma coisa louca, tirar uma foto era um sacrifício para minhas pobres mãozinhas (tão pequenas e delicadas HAHAHA).

Sexta, dia 15/01, fui pro Igloofest. Um festival de música eletrônica no Vieux Port ao ar livre (congelante), muita gente vai vestida de roupa de esquiar, é bem legal. O festival vai durar ainda por mais duas ou três semanas, mas ontem tinha esse super DJ alemão, Paul Kalkbrenner, e todo mundo queria ir (eu nunca tinha ouvido falar, claro). O local estava muito muito legal e a música muito boa, todavia boa parte do grupo queria ficar nas primeiras fileiras e até aí tudo bem, mas aparentemente o pessoal aqui gosta de uma brincadeirinha de um lado da multidão empurrar o outro lado e ficar nesse empurra empurra e muita gente no centro (onde eu estava) terminava caindo e em um desses super empurrões umas quinze pessoas caíram, incluindo eu e Jéssica, e foi extremamente assustador, o medo de ser pisoteada foi enorme, um cara que eu não conhecia me ajudou a levantar (obrigada, moço!!! Eternamente grata), porque era impossível com outras pessoas por cima das minhas pernas. Nesse momento eu ouvi a voz da minha mamys querida mandando eu sair dali, meu alerta foi ligado, porém a maioria do grupo que eu estava queria continuar perto do palco. Nesse momento, Alberto e Marta, da Itália, chegaram perto de onde estávamos e a palhaçada de empurrar continuava, então eles também preferiram ir para o fundo da pista, até para conseguirmos dançar alguma coisa. E aí foi ótimo e tínhamos que dançar mesmo, estava fazendo -18°C!!! 

Como diria Alberto, ir para um show ao ar livre com um dos DJs mais famosos do mundo a uma temperatura de -18°C: done 

Mas o melhor mesmo foi hoje, sábado 16/01. Fomos para um passeio em um cidade a uma hora e meia daqui, Saint Jean de Matha, onde tem umas montanhas de gelo para fazer snowtubing (escorregar no gelo). Simplesmente sensacional. Quando chegamos estava nevando bastante, cada um pegava uma boia e uníamos uma boia na outra para descermos juntos, com direito a neve na cara e cabelo congelado hahahah, mas não estava fazendo muito frio, quando tá nevando geralmente a temperatura fica por volta de -4°C (fichinha já, nunca pensei que fosse dizer isso). O melhor de tudo é que tinha um "elevadorzinho" para subirmos com as boias: 


Ficamos nessa história por um tempo, aperfeiçoando técnicas para aumentar a velocidade e se acostumando com o gelo na cara haha. Até que descobrimos a parte dois, onde tinham boias enormes que cabiam até 12 pessoas e as pistas eram ainda maiores e com mais emoção. Às vezes com emoção extra, em uma das pistas havia umas super curvas e quem estava do lado esquerdo da boia dava uma boa voada ou então a boia simplesmente ia rodando loucamente. FOI BOM DEMAIS!  Me senti muito UHUL VIVENDO O VERDADEIRO CANADÁ!

Snow babes! O melhor time. Rémi, Alberto, Amélie, Kelsie, Jessica, Pietro, eu e Zoé.






De tarde, parou de nevar e pudemos ter uma vista magnífica das montanhas, foto alguma conseguiu capturar a grandiosidade daquilo! Apaixonante. 



Fazer um anjo de neve  

Preciso fazer o boneco de neve!!! Mas a neve hoje tava muito soltinha, não grudava o suficiente para fazer um bom boneco.

Ah, achei um lugar massa aqui para comprar orgânicos e coisas saudáveis, "PA Nature"!!! Fiquei tão empolgada, tantas coisas maravilhosas e com os preços muito bons, comparativamente ao supermercado que tem aqui perto ("IGA", fortuna!). Eu tive que me conter porque o lugar é longe (4km não é nada, mas andando na neve, com ladeiras e no frio...) e a volta foi complicada... Um monte de coisas na mochila e mais duas sacolas enormes, era inviável andar o caminho todo de volta, então, peguei um ônibus qualquer, mas a parada mais próxima do meu flat ainda era bem longe, então saí me arrastando com as sacolas no que pareceu uma eternidade e quando cheguei aqui capotei. 

Bem, é isso, to feliz! 

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Bonne année! Feliz 2016!

Antes de tudo, uma constatação: ser (ovolacto)vegetariana aqui no Canadá é bem simples! Todo lugar, pode ser um micro restaurante ou um bem regional, tem opções vegetarianas. Em alguns tem a diferenciação vegetariano/vegano, mas majoritariamente nos restaurantes classificam vegetariano comida com leite, mas nos supermercados é melhor classificado. O melhor de tudo, todavia, são minhas companheiras de apartamento. No ano novo, cada uma fez um prato que conhecia e sem eu nem falar ou lembrar nada, elas fizeram o prato típico delas e uma miniatura vegetariana pra mim. Me senti tão querida! Nunca ninguém questionou minha opção, só perguntaram se eu comia queijo/ovo, o que é uma pergunta válida.

Quanto ao ano novo, ninguém sabia bem o que fazer, uns colegas da noite pro dia resolveram pegar um avião e ir pra Cuba! Então eu e as meninas do flat resolvemos fazer um jantar aqui mesmo, convidar algumas pessoas, cada um trazia um prato e perto da meia noite iríamos pro Vieux Port ver os fogos de artifício. 

Eu fiz uma torta de cebola, Silvana fez uma macarronada e uma creme delicioso para sobremesa, Jessica fez uma "taco salad", uma salada com várias camadas (até feijão tinha no meio) e uma cobertura de queijo e nachos/Doritos, Tine fez uma sobremesa alemã deliciosa que eu não consegui aprender o nome hahaha. Tim, holandês, trouxe canelone (que também era sem carne, uhuul), Adrien, belga, trouxe um quiche e uma menina francesa (que eu não consegui entender o nome e depois ficou constrangedor perguntar de novo HAHAH, sorry friend!) trouxe lasanha. No fim das contas foi chegando mais e mais gente e totalizamos, pelas minhas contas, dez diferentes nacionalidades. 



Por volta das 23h, fomos pro Vieux Port e estava lotaaado, tava bem frio e a esperta aqui foi de vestido/meia calça e casaco (tava cansada da vida de ursa polar), mas no meio da multidão, dançando e champagne até que eu não senti tanto frio, fora nas mãos.. Ah, as mãos. As minhas luvas ficaram molhadas e minhas mãos ficaram muitooo geladas, as de mais ninguém tavam daquele jeito.. Fabricação brasileira, sabe como é, não fui feita pra esse clima. 

Nessa história toda, fui dormir de 6:00, as meninas daqui foram dormir umas 7:30. Foi um dos melhores anos novos de todos os tempos, simplesmente maravilhoso.


Até que... de 9:30 da manhã, um barulho insuportável começou a vir do lado de fora do meu quarto, me deu vontade de matar a causa daquele barulho, achei que fosse o alarme de algum telefone ou algum alarme sem bateria, não sei, mas o barulho não parava nunca, e aí depois de 15 min e perceber que não conseguiria dormir com aquele barulho, decidi me levantar para "dar um jeito" no alarme, daí vejo que todas minhas flatmates saindo dos seus respectivos quartos, o barulho incrivelmente insuportável quando abri a porta e a sirene dos bombeiros se aproximando... E a constatação de que era o alarme de incêndio e Louis dizendo que a gente tinha que correr e descer. 

Bem, lá estava eu de pijamas, cheia de hidratante/pomada na cara, com meu protetor bucal para bruchismo na boca e EXAUSTA. Tirei o protetor, peguei meu casaco de neve, cheguei a calçar as havaianas mas percebi que era uma péssima ideia e botei umas botas e me arrastei para descer nove andares de escada e ao passar pelo sexto andar percebi que o problema era lá.

Já fora do prédio, encontrei mais muitos outros zumbis de pijama como eu. Aparentemente alguém deixou o forno ligado e tinha muita fumaça e gás... E assim ficamos por uma hora. Meu deus, querido ou querida colega do sexto andar, você foi odiado/a por muitas e muitos.

Esse foi meu primeiro de janeiro, posteriormente seguido de uma enorme limpeza na cozinha, que parecia uma zona de guerra, e o famoso resto de ontem. 

No dia 2, além de hibernar, passeei sozinha pela cidade, esbarrei por acaso em uma feirinha de natal muito simpática, comprei gorrinho, luvas melhores, meias. 





Por sinal, a Subway daqui é muito ruim. Normalmente nas subways do mundo afora tem milho e cenoura como opção, a daqui tem as mesmas opções que no Brasil, nada de cream cheese e o pão é MUITO ruim, que pão horroroso, parecia que tinha três anos. Foi 4 dólares o de 15cm. Ah e a banana daqui também é horrorosa. Ninguém mais acha, mas minhas queridas amigas europeias não conhecem uma verdadeira banana. Sim, I'm a foodie. Comida é assunto sério pra mim, sempre comento sobre isso e no Brasil eu gasto minha bolsa do estágio toda com comida, aqui to me controlando pra não gastar o dinheiro todo antes de me pagarem a bolsa. No supermercado eu pegava as coisas e pensava "Naooooo, não preciso disso", mas a vontade era comprar de tudo um pouco. 

As framboesas, amoras e morangos compensam as bananas. As laranjas são iguais. O tomate é muito bom também. Ah, aqui a batata doce é laranja! O gosto é um pouco mais suave. Achei deliciosa. 

A batata doce laranja com shitake. Almocinho que fiz.

Domingo, eu, Silvana, Tine, Jéssica e Zoum fomos para um museu, Pointe-à-Callière: museu de arqueologia e história. Tinha uma exposição sobre Agatha Christie! Muuuito legal, bons tempos no colégio agarrada naqueles livrinhos velhos da biblioteca. E depois fomos para uma exposição sobre a neve, muito muito interessante mesmo, ver toda relação do Canadá com o frio, o avanço das roupas, os nativos daqui e a chegada europeia e como eles precisaram se adaptar ao frio, a relação econômica, como muita gente ficaria desempregada se simplesmente parasse de nevar. A guia era muito simpática, deu todas as dicas para a gente, de como aproveitar a neve, os esportes.

Let it snow! "Whether we love it or just endure it, snow is a part of our daily lives. Whatever form it takes - from a beautiful blanket of white to a relentless, unkind, capricious force of nature invading our streets - snow has helped to shape our identity".





Meus companheiros veggies, se manifestando contra o uso de casacos de pele! Maravilhosos

Depois, fomos fazer umas compras finais com Tine, que vai voltar pros EUA hoje :'( e de noite três amigos chilenos das meninas chegaram aqui e cozinharam um prato típico do Chile "sopaipillas" e a gente ficou de madame, só escolhendo as músicas hahaha. Antes deles chegaram, estávamos dançando ragatanga, que pelo visto é mundialmente conhecida, e gangnam style HAHAH.

Comentem aí ;)